sexta-feira, 19 de março de 2010

Justiça volta atrás e devolve criança cigana à mãe, ontem


19/3/2010

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MARCELO LANGUE



Cigana Dervana, já com a filha, ontem à tarde, ambas a caminho de Camanducaia (MG). Clique na foto para amplicar
Um sorriso aberto, um beijo e um abraço apertado. Foi assim que a cigana Dervana Dias, 24 anos, recebeu a filha de 1 ano e 2 meses, ontem à noite, novamente nos braços. Após audiência que durou uma hora, no Palácio da Justiça Dr. Adriano de Oliveira, o juiz da Vara da Infância e da Juventude, Jefferson Barbin Torelli, decidiu devolver a criança à família. O procedimento investigatório, no entanto, continua para saber se a mãe tem condições de criar o bebê. Quem vai cuidar desta análise, no entanto, é o Conselho Tutelar de Jacutinga (MG), onde Dervana e o marido, Jindreir Ferreira, 23 anos, nasceram.

Na próxima semana, também, eles decidirão juntamente com o advogado se vão processar o município pela atitude dos guardas municipais, classificada por eles como "excessiva" - uma imagem da tevê mostra os GMs usando a força para retirar a criança do colo da mãe, na segunda-feira. "Conseguimos o objetivo maior, que é fazer com que a criança volte para os braços da mãe", explicou Frederico Depieri, advogado jundiaiense que defendeu o casal.

"A criança apresenta ótimo estado físico, os pais têm residência fixa e trabalham. Não há motivo para embasar o fato dela não estar com os pais." A audiência teve início às 16 horas, mas a imprensa foi impedida de entrar no Fórum. Somente após o diálogo dos pais com o juiz é que os jornalistas tiveram acesso ao segundo andar do prédio. Pelo menos 15 policiais militares foram destacados para realizar a segurança no local.

Engano - Um pouco assustada com o assédio dos repórteres, Dervana afirmou que tudo não passou de um mal-entendido. "Estava vendendo cobertores e o artesanato que fazemos. Nunca tinha sido abordada desse jeito em lugar nenhum", comentou. A denúncia feita à Vara da Infância e da Juventude era de que a cigana pedia esmolas no Centro da cidade e usaria a criança para sensibilizar as pessoas.

"Não vou mais trabalhar com ela", completou a mãe. Na próxima semana, os pais retornam a Jundiaí para discutir com o advogado qual medida vão tomar em relação à apreensão do bebê feita pela GM. "A repercussão positiva do caso nos leva a crer que houve excesso policial. Aquela situação não exigia uma atitude tão dura", ressaltou Depieri. A menina de 1 ano e 2 meses estava na Casa Transitória Nossa Senhora Aparecida desde segunda-feira, quando foi retirada da mãe.

A denúncia era de que Dervana utilizaria a menina para sensibilizar as pessoas enquanto pedia esmolas no Centro. "Estou muito feliz por receber minha filha de volta", repetia a mulher, cercada por familiares. Logo depois de pegá-la no colo, Dervana amamentou a criança e seguiu para casa em meio a um buzinaço.

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